A Tragédia de Superga: A tragédia do ar que matou a maior equipa de Torino desde sempre

4 de maio de 1949. Com quatro semanas para terminar a liga italiana, Torino lidera a tabela quatro pontos à frente do Inter Milan. O grupo Granata é a melhor equipa do país e o seu quinto título nacional consecutivo parece estar assegurado. Mas depois, a tragédia assola Torino. O avião que levava a equipa para casa depois de um jogo amigável em Portugal despenha-se perto da Basilica de Superga, no lado norte de Turim. Não houve sobreviventes. A Tragédia de Superga abanou o mundo do futebol e mudou a sua história para sempre.

‘Il Grande Torino’

Tudo começou nos anos 40. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade de Turim foi fortemente bombardeada durante cinco anos. Era um ponto estratégico para o exército italiano, cheio de fábricas industriais. Portanto, era um objetivo natural para as forças Aliadas. Contudo, ao mesmo tempo, uma equipa fenomenal de futebol estava a crescer na cidade. Mas não foi a Juventus, que tinha conquistado os corações de todos os italianos durante os anos 30. Foram os seus vizinhos locais, o Torino FC.

Adotando uma formação revolucionadora de 3-2-2-3 e jogadores contratados que se enquadravam nesse sistema, Torino tornou-se numa casa poderosa em apenas dois anos. O Valentino Mazzola e Ezio Loik tornaram-se contratações cruciais que elevaram o Torino para o próximo nível. Em breve, o grupo nacional italiano adotou a mesma formação e usou os jogadores de Torino que estavam habituados a jogar daquela forma. Torino ganhou a Serie A e a Coppa Italia na temporada 1942/1943, a última antes da suspensão da liga de futebol italiana por causa da guerra.

Depois de o futebol volta, Torino ganhou quatro títulos de liga consecutives, incluindo o fadado torneio de 1949, quando a Tragédia de Superga ocorreu.

A Tragédia de Superga

Às 5:05h do dia 4 de maio de 1949, um avião despenhou-se contra a Basilica de Superga. Más condições climáticas, possivelmente combinadas com uma falha no alimetro, causaram o acidente. Momentos depois, as autoridades que estavam no local descobriram que a aeronave levava o grupo de Torino, que vinha de Lisboa depois de ter jogado um jogo amigável contra o Benfica. 31 pessoas perderam a sua vida no acidente, sem sobreviventes. Jogadores, treinadores, funcionários do clube e oficiais de Torino e também três jornalistas e quatro membros da tripulação.

Sauro Toma, um defesa, não tinha ido para Portugal, por causa de uma lesão. Ele foi um dos três membros de equipa que ficaram em Itália e sobreviveram. Os outros dois eram jogadores de reserve. O president do clube, Ferruccio Novo, o arquiteto da equipa, também ficou em Turim porque estava doente.

Um dia depois da tragédia, a Federação Italiana nomeou campeões honoríficos de Torino. Foi feito um grande funeral em Turim e foi dito que mais de meio milhão de pessoas prestou um tributo a uma das melhores equipas europeias de sempre.

Contudo, na altura do acidente, ainda faltavam quatro jogos para concluir a temporada. Em vez de cancelarem, Torino implementou o seu grupo de reserve contra os rivais restantes, que também preencheram um grupo de jovens. O Granata ganhou todos aqueles jogos e terminou cinco pontos à frente do Inter Milan.

Conexão com o River Plate

22 dias após a tragédia, o River Plate ofereceu-se para jogar um jogo amigável contra o Torino, para ajudar a arrecadar dinheiro para as famílias das vítimas. O lado argentino, conhecido como La Máquina, também era uma equipa formidável, com lendas como Alfredo di Stéfano e Adolfo Pedernera. O Torino Simbolo, como foi nomeada a equipa da casa para aquele jogo especial, alinhou uma seleção de estrelas composta pelos melhores jogadores do campeonato italiano. O resultado foi 2-2 e nasceu uma relação especial entre os dois clubes. Dois anos depois, o River Plate comemorava 50 anos e convidou o Torino para um jogo amigável na Argentina.

Mais de 70 anos depois, a ligação entre Torino e River Plate ainda é apreciável. O clube italiano usa uma faixa diagonal no seu equipamento de visitante, uma homenagem à camisola do River. O clube sul-americano fez o mesmo e, de vez em quando, usa uma camisola castanha como homenagem ao Torino. Além disso, vários jogadores vestiram as duas camisolas, sendo Enzo Francescoli o exemplo mais famoso.

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Após o acidente, o Torino nunca recuperou. O clube que uma vez enviou 10 jogadores para a seleção italiana desapareceu com os anos e a rival local Juventus recuperou o seu estatuto não apenas como o melhor clube de Turim, mas também de todo o país. Mas Il Grande Torino foi tão especial que deixou uma marca na cidade. Hoje, o clube salta entre a Série A e a Série B. Eles conquistaram um título da liga na década de 70, mas foi um breve momento de glória. A Juventus, o clube maior e mais rico, reposicionou-se novamente entre os clubes de elite da Itália.

Mas, embora a Juventus seja o clube principal, o Torino mantém uma aura especial entre os cidadãos de Turim. É um clube muito popular, apesar da falta de títulos nas últimas décadas. Há um museu na cidade, lembrando a época de ouro do clube. O Stadio Comunale de Torino foi renomeado para Stadio Olimpico Grande Torino em 2016. O Granata mudou de local algumas vezes, incluindo o Stadio Filadelfia quando o acidente ocorreu e o Delle Alpi, que costumavam partilhar com a Juventus.

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